SEX 31 OUT, 21H30
PONTES IBÉRICAS: UM ÁLBUM MUSICAL EM 4 CONCERTOS #3
MÚSICA

Com

Pedro Monteiro
IGREJA DE SANTA CLARA

Entrada livre, sujeita à lotação do espaço.

PONTES IBÉRICAS: UM ÁLBUM MUSICAL EM 4 CONCERTOS #3
Igreja de Santa Clara. Fotografia de Rui Oliveira

Entre as torres sonoras das igrejas do Centro Histórico do Porto ecoam séculos de encontros e viagens. O órgão, rei dos instrumentos, fala com acento próprio, mas escuta e responde às vozes vindas da Europa. Nos seus tubos, ressoam o brilho das danças francesas, a eloquência das toccatas italianas, a densidade contrapontística germânica e a fantasia cromática do Norte da Europa.

O órgão ibérico dos séculos XVI a XVIII distingue-se pela clareza da policoralidade, pela presença marcante dos registos de palheta horizontal, pelo sermão musical e pelo uso expressivo dos contrastes dinâmicos. Com uma tipologia muito própria, o órgão ibérico não se desenvolveu isoladamente; absorveu a ornamentação virtuosística da Itália, as formas de dança e suítes herdadas da França, a estrutura e rigor contrapontístico da tradição germânica, e a riqueza harmónica cultivada nos Países Baixos. O repertório ibérico dialoga assim com as estéticas europeias, adaptando-as ao seu caráter exuberante e à acústica monumental dos templos peninsulares.

Este ciclo de quatro concertos propõe evidenciar essas inter-relações através das formas, revelando a Península como um ponto de confluência musical na Europa barroca e renascentista e que se projeta nas viagens ultramarinas.


PROGRAMA COMPLETO
CONCERTO #3 — O DIÁLOGO COM ITÁLIA
SEX 31 OUT, 21H30

IGREJA DE SANTA CLARA


I. Raízes do contraponto

PABLO BRUNA (1611—1679)Tiento a 2 tiples
Fonte: Manuscritos de Daroca, séc. XVII / Escrito pelo organista cego de Daroca, este tento demonstra o domínio do contraponto imitativo e o uso expressivo da divisão de registos típica do órgão ibérico.

GIOVANNI GABRIELI (1557—1612)Canzona a 4
Fonte: «Canzoni per sonare con ogni sorte di stromenti», Veneza, 1608 / Peça polifónica concebida para o espaço sonoro de São Marcos de Veneza, adaptada aqui ao órgão.

GIULIO MODENA (fl. séc. XVII)Ricercar a 4 de 4º tono
Fonte: manuscrito do séc. XVII, Biblioteca Nazionale Marciana, Veneza / Ricercar denso e imitativo que reflete o legado do contraponto franco-flamengo e a sobriedade da escola veneziana.

II. Dança e invenção

JUAN CABANILLES (1644—1712)Corrente Italiana
Fonte: «Obras de órgano de Cabanilles», ed. Higinio Anglés, CSIC, Barcelona, 1927–1933 / O 'italianismo’ de Cabanilles manifesta-se aqui na escrita rítmica e ornamentada inspirada na corrente, dança de origem transalpina.

GIROLAMO FRESCOBALDI (1583—1643)Bergamasca
Fonte: «Fiori musicali», Roma, 1635 / Tema de baixo repetido com variações que aliam erudição e espírito popular, uma síntese do génio inventivo de Frescobaldi.

III. Tensão e virtuosismo

MICHELANGELO ROSSI (c. 1601—1656)Toccata Settima
Fonte: «Toccate e correnti d’intavolatura d’organo e cembalo», Roma, 1657 / Um dos exemplos mais audaciosos do barroco italiano: cromatismo extremo, harmonia instável e drama expressivo que antecipa o estilo tardio de Frescobaldi e Froberger.

BERNARDO STORACE (fl. 1664)Ciaccona
Fonte: «Selva di varie compositioni d’intavolatura per cimbalo ed organo», Veneza, 1664 / Série de variações sobre um baixo ostinato que evidencia o gosto ornamental da escola siciliana.

MARTÍN Y COLL (c. 1670—1734)Chacona
Fonte: «Flores de música, para el órgano, o clavicordio», Madrid, c. 1706–1709 / Compilação que recolhe melodias e danças populares; esta chacona é exemplo da vitalidade rítmica e do sabor ibérico das variações sobre ostinato.

IV. Síntese e apoteose

DOMENICO SCARLATTI (1685—1757)Sonata em Ré menor, K. 513
Fonte: «Venice XIII Manuscript», Biblioteca Marciana, Veneza, c. 1753 / A síntese perfeita entre virtuosismo italiano e expressividade ibérica, escrita durante o período lisboeta e madrileno do compositor.

JOÃO DE SOUSA CARVALHO (1745—1798)Toccata em Sol menor
Fonte: manuscritos autógrafos, Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa, séc. XVIII / Obra de grande força teatral, herdeira da escola napolitana e do gosto clássico tardio português, encerrando o concerto com brilho e solenidade.



PRÓXIMO CONCERTO:

SÁB 13 DEZ, 18H30

SÉ DO PORTO

ENDEREÇO 

Igreja de Santa Clara
Largo Primeiro de Dezembro, 4000-404 Porto
Localização

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