O último concerto do ciclo «Pontes Ibéricas: Um Álbum Musical em 4 Concertos» que, desde setembro, tem evidenciado o órgão ibérico e a Península como pontos de confluência musical na Europa barroca e renascentista, é dedicado aos órgãos históricos da Sé do Porto. Aqui, conservam-se dois notáveis instrumentos musicais históricos, que constituem exemplares de elevado valor artístico e organológico, representativos de distintas épocas e correntes estéticas da tradição ibérica. As suas imponentes caixas, de caraterísticas formais semelhantes, integram de modo harmonioso o conjunto arquitetónico da capela-mor, refletindo uma conceção unitária do espaço sacro.

O Órgão do Lado do Evangelho, classificado como Tesouro Nacional, foi construído por Simão Fontanes e concluído em 1737. Caracteriza-se por uma sonoridade de caráter intimista e apropriada para o repertório polifónico renascentista e barroco inicial, com os seus registos partidos a permitirem a exploração das texturas contrapontísticas caraterísticas da tradição peninsular.

O Órgão do Lado da Epístola, da autoria de Joaquim António Peres Fontanes – neto do construtor do primeiro instrumento – foi concluído em 1836. Representa a evolução estilística para os períodos do Barroco final e do Classicismo, apresentando um caráter sonoro de maior dimensão e versatilidade, adequado para o repertório ibérico setecentista de maior exigência técnica e expressiva.




PROGRAMA

PARTE I — Órgão do Evangelho

GYÖRGY LIGETI (1923—2006)

Musica Ricercata n.º VIII

JUAN CABANILLES (1644—1712)

Tiento de falsas de 1.º tono n.º 5

ARVO PÄRT (1935—)

Da Pacem Domine (transcrição)

ANTÓNIO CARREIRA (c. 1525—1597)

Tento a 4 sobre o vilancico «Con qué la lavaré»

SEBASTIÁN AGUILERA DE HEREDIA (1561—1627)

Obra de 8.º tono: Ensalada

PARTE II — Órgão da Epístola

PHILIP GLASS (1937—)
Mad Rush (transcrição)

ANTÓNIO CORREA BRAGA (c. 1690—1754)

Batalha de 6.º tom

GYÖRGY LIGETI

Musica Ricercata: XI. Omaggio a Frescobaldi (transcrição)

WILLIAM SUSMAN

Organ Montuño (transcrição)

GUY BOVET

Fandango mio