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Uma escultura do Arcanjo São Miguel, na Igreja de São José das Taipas, é provável testemunho material de um espaço e realidade hoje desaparecidos, mas com grande impacto na história social da cidade. Os recolhimentos femininos amparavam mulheres vulnerabilizadas pelo afastamento temporário do elemento masculino, então considerado garante de proteção, por orfandade ou viuvez. Estes espaços, que proliferaram na cidade entre os séculos XVII e XIX, almejavam preservar a honra social feminina, capital simbólico de suma importância. Para algumas recolhidas, estes foram espaços de transição, até que a sua condição social e económica se restabelecesse. Para outras, porém, foram espaços de permanência.
Reconstituem-se pedaços de memória do desaparecido Recolhimento do Anjo e fragmentos de vida das recolhidas – quem eram, de onde vinham e para onde iam? Que relações sociais possuíam e de que forma conjunturas específicas influenciaram dinâmicas sociais e movimentações nestes recolhimentos?
Com uma intrínseca relação com o espaço urbano, os recolhimentos são peças-chave para a compreensão do património feminino do Porto, sobretudo na sua dimensão imaterial.