Na quinta-feira, 13 de abril, o Porto passa a dispor de mais uma biblioteca, que na verdade se constitui como um conjunto de muitas bibliotecas: o projeto Biblioteca Errante vai implantar uma rede de bibliotecas temáticas, permanentes ou móveis, pulverizadas pela cidade.
Os primeiros núcleos da Biblioteca Errante serão conhecidos às 12h de quinta-feira, 13 de abril, na sala 2 do Arquivo Histórico Municipal do Porto, com a apresentação pública da Biblioteca de Cinema do Cineclube do Porto, juntamente com a Biblioteca de Assuntos Portuenses – que já se encontra naquele espaço do Museu do Porto – Casa do Infante.
Justamente no dia em que se assinalam os 78 anos de existência do Cineclube do Porto, serão dados a conhecer os contornos do projeto, bem como expostas algumas das raridades que nele se podem encontrar.
Única pelas suas características e especialização, a Biblioteca de Cinema do Cineclube do Porto compreende mais de 1400 unidades físicas, onde se incluem os primeiros números de revistas especializadas como a Cahiers du Cinéma e a Sight and Sound.
As edições do Cineclube – ainda hoje procuradas, pela sua contextualização da arte cinematográfica e da sociedade cultural da altura – estão todas disponíveis na biblioteca, que inclui todo um conjunto de periódicos sobre cinema (nacionais e internacionais) desde a criação da biblioteca, nos anos 40, até ao início dos anos 2000.
O acervo contempla uma coleção de material com os programas das sessões do Cineclube no Cinema Batalha e não só, logo a partir de 1946, assim como documentação sobre as sessões censuradas, boletins informativos e catálogos. Destaca-se o material relativo à Semana do Novo Cinema Português, realizada em 1967 e que foi fundamental para o nascimento do Cinema Novo em Portugal, que inclui fotografias, relatórios e artigos sobre esse momento decisivo.
Estarão igualmente disponíveis para consulta livros técnicos dedicados às várias teorias do cinema, diferentes realizadores, filmografias e cinematografias, argumentos, biografias e compêndios. Coleções de pintura, conjuntos de fotografias, cartazes de filmes e ciclos ou mesmo matrizes de gravuras utilizadas nas folhas de sala da altura, assinadas por artistas como Alice Sousa, António Bronze ou Armando Alves, completam o acervo.
Bibliotecas temáticas
O projeto Biblioteca Errante surge como resposta ao encerramento temporário da Biblioteca Pública Municipal do Porto para obras de requalificação e ampliação. Pretende valorizar-se espaços permanentes, temporários ou móveis (como por exemplo o Bibliocarro, que retoma a sua circulação regular na terça-feira, 11 de abril), com funções de consulta, leitura e requisição.
O resultado serão pequenas bibliotecas temáticas, em paralelo com um reforço do apoio às Bibliotecas Escolares e um programa de apoio a investigadores.
Esta rede pulverizada de bibliotecas “viverá, em boa parte, mas não só, nas casas do Museu do Porto”, sublinhou o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, na apresentação da programação dos dois espaços para março e abril.
Criado em 1945, o Cineclube do Porto teve, desde o início, o objetivo de criar uma biblioteca especializada na (então) jovem arte sobre a qual se debruçava. O acervo bibliográfico reunido desde então contou com o investimento financeiro que foi sendo atribuído à construção da biblioteca, para aquisições de revistas de cinema, portuguesas e estrangeiras, e com os contributos que os associados deram ao longo dos anos, possibilitando a construção desta impressionante biblioteca.
A Biblioteca de Cinema do Cineclube do Porto encontra-se disponível de segunda a sexta-feira, entre as 9h e as 17h30. O acesso é gratuito.