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Entrada livre, sujeita à lotação do espaço / 32 participantes
Rua do Passeio Alegre 584
4150-677 Porto

O poeta e ensaísta Rui Lage falará da sua recente antologia «Adeus, Campos Felizes» (Assírio & Alvim), que sinaliza a presença do mundo rural na poesia portuguesa desde o século XIII até ao presente, ao mesmo tempo que, num longo posfácio, acusa os poetas portugueses de nos terem andado a vender um campo idealizado que nunca existiu. O seu parceiro de conversa será o geógrafo Álvaro Domingues, que há muito vem desmontando as ideias feitas sobre o meio rural em livros como «Vida no Campo», «Volta a Portugal» ou «País Possível», este último em coautoria com o próprio Rui Lage e o fotógrafo Duarte Belo. Um passeio campestre, portanto, que promete não ser nada bucólico.
«ERA UM DIA QUE DAVA PARA O MAR» — CONVERSAS NA CALÇADA DE SERRÚBIA
Na segunda metade dos anos 90, a casa do Passeio Alegre onde viveu Eugénio de Andrade, e que serviu de sede à extinta fundação a que deu nome, acolheu praticamente todos os nomes relevantes da poesia portuguesa do tempo. Os «Encontros com Poetas», então organizados pelo presidente da fundação, Arnaldo Saraiva, e que tinham o próprio Eugénio como anfitrião, fizeram do edifício, que é hoje a Biblioteca Poética Eugénio de Andrade, um ponto de encontro regular para autores e leitores de poesia. E é isto o que se pretende que a casa continue a ser nesta sua nova vida como Biblioteca, oferecendo um acervo bibliográfico focado na lírica portuguesa contemporânea, de que os leitores poderão desfrutar em duas luminosas salas de leitura com vista para o mar, mas também voltando a oferecer uma programação cultural regular.
Desenhado para estes últimos meses de 2025 pelo jornalista cultural Luís Miguel Queirós, sob o mote de um verso de Eugénio, este primeiro momento de programação decorre entre os meses de setembro e dezembro, em quatro sessões, repartidas por um sábado de cada mês, com conversas, leituras e reflexões em torno da poesia portuguesa, a de ontem, a de hoje e a que está por vir.
Rui Lage nasceu no Porto em 1975. Licenciado em Estudos Portugueses e Ingleses pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Culturas e Literaturas Românicas com uma tese sobre a elegia na literatura portuguesa contemporânea, foi investigador e docente em várias instituições, deputado à Assembleia da República pelo PS e assessor no Parlamento Europeu, funções que exerce atualmente. Integra a Assembleia Municipal do Porto e o Conselho Municipal de Cultura e fez parte da direção da Fundação Eugénio de Andrade de 2001 até à sua extinção em 2011. Em 2023 comissariou a homenagem da Feira do Livro do Porto a Manuel António Pina, a quem dedicara em 2016 um livro de ensaios. Autor de oito livros de poesia, de Antigo e Primeiro (Quasi, 2002) a Firmamento (Assírio & Alvim, 2022), recebeu em 2017 o Prémio Ruy Belo por Estrada Nacional, publicado no ano anterior. A sua estreia no romance com O Invisível (Gradiva, 2018) valeu-lhe o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís e o Prémio Autores da SPA. Tradutor de Beckett, Neruda ou Paul Auster, colaborou em vários jornais e é cronista regular do JN. Com Jorge Reis-Sá, organizou em 2009 para a Porto Editora a monumental antologia Poemas Portugueses: Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI.
Álvaro Domingues nasceu em 1959 em Melgaço e doutorou-se em Geografia Humana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1994. Professor associado da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, onde é também investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo, tem centrado a sua atividade nas áreas da Geografia Humana, Paisagem, Urbanismo e Políticas Urbanas. Colaborador regular do Público, foi recentemente eleito para a Academia de Ciências de Lisboa. Profundo conhecedor do território português, que tem fotografado exaustivamente, gosta de captar paisagens onde coexistem elementos contraditórios. Uma lógica especialmente presente em Paisagens Transgénicas, um projeto que importa da Biologia o conceito de organismo geneticamente modificado e que deu origem, em 2021, a uma exposição digital e a um livro editado pelo Museu da Paisagem, em Lisboa. Entre os muitos livros que publicou contam-se os volumes Políticas Urbanas I e II, em colaboração com Nuno Portas e João Cabral, que foram editados pela Gulbenkian, Vida no Campo (Dafne, 2012), Volta a Portugal (Bertrand, 2017), Paisagem Portuguesa (Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2023) ou Portugal Possível (Museu da Paisagem, 2023), com Rui Lage e o fotógrafo Duarte Belo.