Com a assinatura de Charles Worth, a capa de gala da coleção de traje de senhora do Museu Romântico transcende o tempo, representando os primeiros momentos triunfais na história da alta-costura francesa, que se afirma através da ascensão e influência dos couturiers. Este ícone de moda do século XIX carrega em si o espírito do nascimento da alta-costura como uma arte, tendo em Charles Frederick Worth (1825—1895) o “pai” desta arte em França e protagonista de um movimento que revolucionou a moda europeia.

Confecionada em cetim de seda azul petróleo com forro em veludo de seda amarelo, e ornamentada com rendas e motivos florais em missangas cuidadosamente bordadas na seda, esta capa que ostenta a etiqueta do afamado costureiro, foi alvo de recente intervenção de restauro, que lhe devolveu o esplendor e elegância, transportando-nos para o ambiente requintado do Porto burguês de Oitocentos. A capa, com a sua silhueta fluida e dramática, remete ao romantismo e à teatralidade de outras épocas, mas ainda tem ecos na moda contemporânea: hoje vemos o ressurgir de silhuetas dramáticas e ousadas nas coleções de alta-costura, onde os mais renomados criadores exploram a construção de volumes, capas e mantos, trazendo de volta o impacto visual e a teatralidade da moda como forma de expressão artística e emocional. Este diálogo entre o passado e o presente destaca a natureza cíclica da moda, onde dramaticidade e sofisticação continuam a definir as tendências atuais nas grandes coleções da alta-costura.